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Publicação da Embrapa ensina a produzir café de qualidade com economia de água e redução de custos

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Tecnologias de baixo custo de produção – lavadores “Maravilha”, tipo caixa e tela sombrite e com sistema basculante – estão acessíveis para cafeicultores com pequena escala de produção

O cuidado dispensado durante toda a fase de pós-colheita do café é um dos grandes diferenciais para a obtenção de um produto de qualidade. E, nesse processo, a forma de lavagem dos grãos e de uso e reúso da água vai influenciar também na sustentabilidade da produção e do meio ambiente. Sobre o tema, a Embrapa Café lança a Circular Técnica 4 “Lavadores e Sistema de Reúso da Água no Preparo do Café”. Os autores da publicação pertencem às seguintes instituições: Universidade Federal de Viçosa - UFV - Juarez Souza e Silva; Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - IFES - Aldemar Polonini Moreli; Embrapa Café - Sammy Fernandes Soares e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig - Sérgio Maurício Lopes Donzeles.

A publicação mostra diferentes tecnologias para a lavagem (máquinas cada vez mais eficientes no uso da água para compor as novas unidades de processamento) e separação dos diversos tipos de fruto cafés (cereja, bóias, verdoengos e verdes), bem como o reúso da água pelo Sistema de Limpeza de Água Residuária – SLAR na produção de café cereja descascado.

Lavagem do café – Para lembrar da importância da etapa de lavagem para a produção de café de qualidade superior, o pesquisador Juarez Souza e Silva diz que, mesmo retirando-se todas as impurezas (paus, pedras, folhas etc) durante a abanação, o lavador cumpre a tarefa de retirar o material fino aderido à superfície dos frutos e ainda separa os frutos maduros dos bóias e outros materiais estranhos. “É com a adoção do lavador ou separador hidráulico que, em função da densidade, cafés que flutuam na água (secos, brocados, malformados e imaturos), comumente chamados “bóias”, são separados dos frutos pesados (cerejas e verdoengos). Além da separação dos bóias, os frutos maduros (cerejas) podem, ainda, ser separados dos frutos parcialmente maduros (verde cana) no descascador de cerejas. Finalmente, depois de submetidos a uma secagem adequada para cada tipo, segundo classificação acima, devem ser armazenados separadamente”.

Opções para a cafeicultura com pequena escala de produção – A publicação ensina como construir lavadores de baixíssimo custo de produção, como por exemplo o “Maravilha”, o tipo caixa e tela sombrite e o com sistema basculante. Os modelos de lavadores com o sistema basculante para separação de cerejas foram pensados para serem construídos com parte dos recursos encontrados na fazenda e pode ter 50% de sua estrutura feita em alvenaria de tijolo e devidamente impermeabilizada com argamassa de cimento. O Maravilha foi um dos primeiros lavadores a surgir e tinha como principal característica a eficiência no processo de separação, sendo um lavador semelhante e tão bom quanto os mecânicos. Um lavador moderno nada mais é que um lavador “Maravilha” com sistema de transporte mecanizado e com racionalização do uso da água. Já o tipo caixa de tela sombrite, como o próprio nome sugere, o café bóia e materiais leves são retirados com o auxílio de uma peneira comum, muito utilizada na abanação do café. Para retirar o café pesado (maduros e verde cana), basta levantar a tela sombrite, drenar a água de lavagem e separação e transportar o café para a operação seguinte. De modo geral, todos os sistemas alternativos aos lavadores mecânicos tradicionais podem ser construídos facilmente e com materiais e mão-de-obra facilmente disponíveis próximos à fazenda. A circular informa todos os passos de forma didática e ainda instrui casos de necessidade de treinamento e licenciamento prévio, como para quem pretende comercializar as tecnologias apresentadas.

A revolução do SLAR – Desenvolvido pela Embrapa Café, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig e Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, o SLAR é constituído por três caixas de decantação/flotação e duas peneiras filtros que podem ser construídos na propriedade com custos reduzidos. As caixas retêm os resíduos mais densos que a água por decantação e os menos densos por flotação. Os resíduos com potencial para obstruir os esguichos do cilindro do descascador são retidos nas peneiras (filtro). “Assim que a água tenha sido usada em quatro ou cinco recirculações, é destinada ao processo de fertirrigação e o resíduo das caixas (decantado e sobrenadante) é encaminhado para o processo de compostagem”, explica o pesquisador.

Os autores da Circular Técnica 4 constataram que o reúso da água residuária, após passar pelo SLAR, possibilitou reduzir em 76% o gasto de água no processamento dos frutos do cafeeiro e que, além desse aspecto, o sistema de filtragem evita o entupimento frequente dos orifícios por onde sai a água do descascador quando a remoção dos resíduos grosseiros não é utilizado.

Produção Integrada de Café - Esta circular técnica está em sintonia com a recém-aprovada IN nº 49, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, que trata da Produção Integrada de Café e, especificamente para a pós-colheita: minimizar o consumo de água utilizada nos equipamentos empregados no pré-processamento por via úmida; reutilizar a água no pré-processamento por via úmida; coletar e dar destino adequado aos resíduos sólidos; entre outras orientações técnicas.

Consórcio Pesquisa Café – Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

Acesse também a publicação sobre os lavadores em http://www.sapc.embrapa.br/index.php/view-details/circular-tecnica/948-circular-tecnica-4-lavadores-e-sistema-de-reuso-da-agua-no-preparo-do-cafe e sobre o SLAR em (http://www.sapc.embrapa.br/index.php/view-details/circular-tecnica/935-circular-tecnica-1-reuso-da-agua-na-producao-de-cafe-cereja-descascado .

Leia também o livro "Infraestrutura Mínima para Produção de Café com Qualidade - Opção para a Cafeicultura Familiar" em http://www.sapc.embrapa.br/index.php/view-details/diversos/949-infraestrutura-minima-para-producao-de-cafe-com-qualidade-opcao-para-a-cafeicultura-familiar .

 

Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café

Texto: Flávia Bessa - MTb 4469/DF

Contatos: 61 9221-9484 / Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.