Os seis primeiros colocados desse concurso da Associação Brasileira de Cafés Especiais – BSCA fizeram uso de cultivares do Instituto Agronômico – IAC
Os vencedores dos primeiros lugares nos concursos Cup of Excellence do ano de 2013, realizado pela BSCA em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil e a Alliance for Coffee Excellence - ACE, com patrocínio do Sebrae, utilizaram as cultivares Bourbon Amarelo, Catuaí Amarelo e Acaiá, todas desenvolvidas pelo IAC. Na categoria Colheita Precoce (Early Harvest), a vencedora foi Marisa Coli Noronha, proprietária do sítio São Francisco de Assis, e, na categoria Colheita Tardia (Late Harvest), Cínthia Dias Villela, da Fazenda Nossa Senhora Aparecida. Ambas as propriedades localizam-se na região de Carmo de Minas e são assessoradas por técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – Emater - MG e da Fundação Procafé, integrantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
De acordo com a BSCA, o café natural produzido por Cínthia Villela atingiu, no Cup of Excellence Late Harvest 2013, pontuação recorde de 92,22 na escala de 0 a 100 pontos do concurso. A fazenda utiliza tecnologias de colheita seletiva de condução separada no terreiro, entre outras técnicas, e planeja, em breve, implantar terreiros suspensos para o melhoramento dos lotes de café. Além de contribuir para a limpeza dos grãos, esse tipo de terreiro favorece o processo contínuo de secagem, sem troca de umidade entre o solo e os grãos.
A produtora Marisa Coli Noronha atingiu, no Cup of Excellence Early Harvest 2013, a pontuação de 92,09. Marisa é conhecida na região pelo capricho com que conduz a lavoura de café e, em especial, com que lida com o café cereja descascado. Segundo o agrônomo da fazenda, Luciano Neves, as análises de solo, a calagem, as recomendações de poda e outras tecnologias transferidas pela Emater - MG são sempre seguidas. Ele destacou também a importância da pós-colheita na busca pela qualidade. “Cínthia utiliza um excelente secador rotativo. Ela é muito focada na qualidade do café e esse é seu diferencial de competição”. Pela condição do terreno montanhoso, a maior parte do trabalho da fazenda é feito com mão-de-obra, porém em algumas ocasiões, utilizam derriçadeiras para a colheita. Para tratamentos fitossanitários, a produtora utiliza canhões de pulverização foliar e, na pós-colheita, lavadores e descascadores. O manejo de secagem é feito de forma manual.
Concurso Cup of Excellence - Todos os anos, a Associação Brasileira de Cafés Especiais realiza o concurso Cup of Excellence, aberto a qualquer produtor brasileiro de café arábica. Seu objetivo é mostrar ao mercado internacional os excelentes cafés produzidos no Brasil, conquistando novos mercados e ampliando as exportações. De acordo com a BSCA, os cafés participantes do concurso são colhidos cuidadosamente, quando perfeitamente maduros. Têm aromas agradáveis e uma doçura viva que apenas os cafés especiais de extrema qualidade possuem.
Para participar do concurso, os candidatos submetem suas amostras a uma criteriosa competição em três fases. Depois de recebidas pela BSCA e numeradas, as amostras de café passam por uma pré-seleção para assegurar a satisfação dos padrões mínimos de qualidade. Os cafés são, então, experimentados por um júri nacional que irá selecionar os melhores. Finalmente, depois de uma degustação de cinco dias, um júri internacional avaliará o café e premiará os melhores lotes com o Cup of Excellence.
Os cafés vencedores são vendidos ao importador de café ou torrador por meio de um leilão internacional, realizado na Internet. O lance mais alto compra a totalidade do lote de café que se submeteu à competição. Todos os cafés premiados possuem o logo Cup of Excellence.
Bourbon Amarelo - Dos seis primeiros colocados nos concursos, cinco utilizam a cultivar Bourbon Amarelo, desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas – IAC. A instituição faz parte do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Todas as propriedades – Sítio São Francisco de Assis, Fazenda Rainha, Serra das Três Barras, Nossa Senhora Aparecida, Fazenda Paraíso e Sítio da Serra - localizam-se no Sul de Minas Gerais. De acordo com o livro editado pelo pesquisador Carlos Henrique Siqueira de Carvalho, da Embrapa Café, Cultivares de Café (Cultivares de café: origem, características e recomendações / Carlos Henrique Siqueira de Carvalho – Brasília: Embrapa Café, 2008), a cultivar Bourbon Amarelo é indicada para plantio em condições especiais, tais como: obtenção de produto com qualidade de bebida superior, objetivando mercados especiais, e necessidade de escalonamento da colheita a fim de possibilitar melhor distribuição de mão-de-obra, além de melhor qualidade do produto, devido à possibilidade de colher maior quantidade de frutos maduros. É indicada também para plantio em locais ou regiões de maiores altitudes e com temperaturas médias menores (regiões mais frias). A qualidade da bebida é reconhecidamente superior à de outras cultivares de C. Arabica, cujos frutos são colhidos e processados na mesma condição.
A cultivar é suscetível à ferrugem. Uma das características principais das cultivares do grupo Bourbon Amarelo refere-se à precocidade de maturação de seus frutos que, de acordo com a região, pode variar de 20 a 30 dias, em relação à cultivar Mundo Novo. Em regiões altas e mais frias, essa diferença pode acentuar-se.
Catuaí Amarelo - Além da Bourbon Amarelo, a produtora Cínthia Villela utiliza também a variedade Catuaí Amarelo, desenvolvida pelo IAC. De acordo com o pesquisador Carlos Henrique Siqueira de Carvalho, as cultivares do grupo Catuaí Amarelo apresentam ampla capacidade de adaptação, sendo altas as produções na maioria das grandes regiões cafeeiras onde são plantadas. Seu porte pequeno permite maior densidade de plantio e torna mais fácil a colheita e os tratos fitossanitários. São apropriadas para pequenos proprietários que possuem cafeicultura familiar.
Em áreas irrigadas, no espaçamento de 3,80 x 0,50m, a produtividade média é de 60 sacas de café beneficiado por hectare. A catuaí amarelo é suscetível a ferrugem e aos nematóides. A excelente qualidade da bebida justifica-se pela participação de 75% de Bourbon Vermelho.
Acaiá – O terceiro colocado de 2013 na categoria colheita tardia, Marcio de Souza Franqueira, utiliza, além da Catucaí, a cultivar Acaiá, também desenvolvida pelo IAC. A variedade originou-se da seleção de plantas individuais da cultivar Mundo Novo. De acordo com o pesquisador Carlos Henrique, a cultivar é suscetível à ferrugem, mas apresenta boa produção de café beneficiado, além de ser rústica. A qualidade da bebida é muito boa e apresenta, na composição, 50% de Bourbon Vermelho e 50% de Típica (Sumatra). As cultivares têm boa capacidade de adaptação às regiões cafeeiras do Brasil e são indicadas quando se pretende utilizar colheita mecânica e obter sementes maiores. Elas são especialmente indicadas para o plantio adensado na linha, pois apresentam ramos laterais mais curtos e seus frutos são mais uniformes na maturação.
Adubação fosfatada – Alguns dos produtores vencedores do concurso admitiram também o uso da adubação fosfatada do cafeeiro, técnica em geral usada em conjunto com a irrigação. Desenvolvida pela Embrapa Cerrados, com o apoio do Consórcio Pesquisa Café, a tecnologia contribui para expressivo aumento de produtividade, mais energia, vigor e sanidade das plantas. A adição do fósforo traz benefícios para a planta tanto em solos de média a alta fertilidade como também em solos de baixa fertilidade, como os do Cerrado, onde a planta responde com muita intensidade. Para saber mais, leia matéria em http://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimas-noticias/tecnologias-inovadoras-permitem-expansao-da-cafeicultura-nas-regioes-de-cerrado.
Mercado de cafés especiais – Segundo dados da BSCA, a demanda pelos grãos especiais cresce em torno de 15% ao ano no Brasil e no exterior, em relação ao crescimento de cerca de 2% do café commodity. O segmento representa hoje cerca de 12% do mercado internacional da bebida. O valor de venda atual para alguns cafés diferenciados tem um sobrepreço que varia entre 30% e 40% a mais do que o café cultivado de modo convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar a barreira dos 100%. Os principais mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros são, na ordem, Japão, Estados Unidos e União Europeia. Coreia e Austrália também consomem cada vez mais cafés especiais brasileiros. No que diz respeito ao consumo interno, das 20 milhões de sacas, estima-se que um milhão sejam de cafés especiais.
Café especial - O café que chega à mesa do consumidor, para ser considerado especial, passa por um longo processo que começa nos aspectos genéticos, no sistema de produção e manejo da lavoura (plantio, boas práticas na lavoura e colheita), pelo processamento pós- colheita (secagem, armazenamento), rastreabilidade do produto, ainda pela fase de industrialização (torração, moagem, embalagem) e só termina na forma de preparo da bebida. Em resumo, para ser reconhecido como especial, o café deve ter atributos específicos associados ao produto (características físicas - como origens, variedades, cor e tamanho – e sensoriais, como qualidade da bebida), ao processo de produção ou ao serviço a ele associado (como as condições de trabalho da mão de obra), tendo como valores a sustentabilidade econômica, social e a ambiental. A especialidade ou especificidade da bebida é influenciada pela região em que é produzido o café, pelas condições climáticas durante maturação e colheita, além dos cuidados nas fases de colheita e preparo do produto. Nesse contexto, o café especial pode ser classificado em categorias.
Café de origem certificada - Está relacionado às regiões de origem dos plantios em decorrência de que alguns dos atributos de qualidade do produto são inerentes à região onde a planta é cultivada.
Café gourmet - Grãos de café arábica, com peneira maior que 16 e de alta qualidade. É produto diferenciado, quase isento de defeitos.
Café orgânico - É produzido sob as regras da agricultura orgânica. O café deve ser cultivado exclusivamente com fertilizantes orgânicos e o controle de pragas e doenças deve ser feito biologicamente. Apesar de ter maior valor comercial, para ser considerado como pertencente à classe dos cafés especiais, o café orgânico deve possuir especificações qualitativas que agreguem valor e o fortaleçam no mercado.
Café fair trade - É consumido em países desenvolvidos por consumidores preocupados com as condições socioambientais sob as quais o café é cultivado. Nesse caso, o consumidor paga mais pelo café produzido por pequenos agricultores ou sistemas de produção sombreados, onde a cultura é associada à floresta. É muito empregado na produção de cafés especiais, pois favorece a manutenção de espécies vegetais e animais nativos.
Conheça a Infraestrutura Mínima recomendada pelo Consórcio Pesquisa Café para Produção de Café com Qualidade: http://www.sapc.embrapa.br/index.php/view-details/diversos/949-infraestrutura-minima-para-producao-de-cafe-com-qualidade-opcao-para-a-cafeicultura-familiar
Saiba também como produzir café cereja descascado e como fazer o manejo da calagem e da gessagem usando tecnologias do Consórcio Pesquisa Café:
Saiba mais sobre o Consórcio Pesquisa Café, a Embrapa Café e a Fundação Procafé nos sites:
www.consorciopesquisacafe.com.br
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