A produção de café arábica com qualidade pode se tornar realidade em Rondônia. Desde 2005, uma pesquisa na área de melhoramento genético, conduzida pela Embrapa Rondônia, está selecionando genótipos de café arábica tolerantes ao calor; com maturação tardia, ou seja, colheita entre abril e maio, além de alta qualidade de bebida. O estudo é realizado através do Consórcio Pesquisa Café (coordenado pela Embrapa Café), em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
A pesquisa atende à demanda de café arábica no estado levando em conta que as cultivares existentes são adaptadas a regiões de altitudes elevadas e temperaturas amenas, ao contrário do que ocorre em Rondônia, onde são verificadas baixas altitudes e temperaturas médias elevadas, em torno de 25º a 27º C, durante todo o ano.
O pesquisador da Embrapa Rondônia, Alexsandro Teixeira, informa que os experimentos realizados no campo experimental da Embrapa, em Ouro Preto do Oeste (a 340 quilômetros de Porto Velho), já estão no terceiro ciclo de seleção, com alguns materiais alcançando produtividade de 40 sacas por hectare. “Nessa etapa já foi possível identificar várias plantas com maturação tardia, sendo a colheita programada para o fim de março e início de abril. Quanto à qualidade de bebida, os genótipos selecionados estão superando as expectativas, sendo que todos apresentaram alta qualidade”, diz.
O pesquisador conta, ainda, que na escala da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), sediada nos Estados Unidos, alguns genótipos alcançaram 80 pontos, numa escala de 0 a 100, que é um valor comparado ao de cafés especiais. “O processo de seleção continua e a finalidade é selecionar plantas ainda mais produtivas”, explica Alexsandro. Ele acrescenta que ainda serão necessários pelo menos dois ciclos seletivos para a obtenção das linhagens. O lançamento das cultivares recomendadas para plantio em Rondônia deve ocorrer em cerca de seis anos.
A última avaliação das plantas foi feita neste mês de março e contou com a presença dos pesquisadores do IAC, Herculano Medina e Rita Bordignon. “Essa pesquisa de melhoramento com materiais genéticos diversos traz a possibilidade de resolver o problema agronômico do café arábica em Rondônia”, afirma Herculano.
Café em Rondônia
Rondônia é hoje o quinto maior produtor de café do Brasil. O café Robusta (Coffea canephora) é o mais cultivado e todo o arábica consumido no estado é proveniente de Minas Gerais e São Paulo.
“Mesmo as cultivares de café arábica mais tardias em outras regiões, quando cultivadas em Rondônia aceleram muito o processo de maturação, acarretando na coincidência da colheita com o período crítico das chuvas, nos meses de janeiro e fevereiro, dificultando a secagem dos grãos”, explica Alexsandro.
Tal fato justifica a substituição das primeiras lavouras de café arábica, implantadas em Rondônia, na década de 1970, por novas lavouras de café Robusta - mais rústicas e produtivas. Porém, vale destacar que os grãos de café Robusta possuem uma qualidade de bebida inferior ao arábica, sendo destinados à indústria de cafés solúveis, tinturas e até mesmo para a produção de misturas junto aos grãos da espécie arábica, conhecidos como blends.
Embrapa Rondônia
Kadijah Suleiman (MTb RJ 22729JP)
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