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Consórcio Pesquisa Café destaca a importância dos Bancos de Germoplasma

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Catigua_MG2-_Foto_Antnio_Alves_pqnA Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais mantém um Banco de Germoplasma com mais de 1.500 acessos e já obteve oito cultivares a partir do material genético conservado.

Os Bancos de Germoplasma (BAG) são unidades físicas que guardam e mantêm materiais genéticos. Os chamados acessos são utilizados como matéria-prima para o melhoramento genético e também um modo de preservar variedades para o futuro. Os Bancos de Germoplasma de café são fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa cafeeira, na medida em que, com a caracterização de genótipos de interesse, contribuem para a obtenção de cultivares com características desejáveis de acordo com a necessidade das regiões produtoras.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) mantém um Banco com 1.562 acessos catalogados trazidos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O Banco vem sendo mantido com apoio do Consórcio Pesquisa Café e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Cultivares de café – Segundo o melhorista da Epamig e responsável pelo BAG, Antônio Alves Pereira, os estudos com germoplasma são prioritários para as pesquisas de melhoramento e para a manutenção da diversidade das espécies. A instituição já obteve oito cultivares (confira abaixo) a partir de genótipos de interesse identificados nos materiais genéticos de seu Banco de Germoplasma. Os trabalhos de caracterização dos acessos são focados em genótipos que manifestem resistência a doenças e pragas, como bicho-mineiro e ferrugem, e resultem em cultivares com qualidade da bebida.

Os sucessos alcançados com o melhoramento genético não descartam, contudo, a necessidade de mais recursos e pesquisadores especificamente para manutenção do BAG. Pesquisas com os acessos podem durar um período de 30 anos ou mais. A partir da caracterização do material genético, é possível realizar cruzamentos de acessos na busca de genótipos de interesse, obter novas cultivares e viabilizar demais pesquisas, inclusive de biotecnologia, com a contribuição de materiais genéticos.

“É difícil quantificar quanto de resultados já tivemos com o Banco de Germoplasma de café, mas todos os estudos buscam agregar valor à produtividade, resistência e qualidade”, destaca Antônio Alves. Além dele, o Banco da Epamig é ferramenta para o trabalho de seis melhoristas na instituição, sendo um deles pesquisador da Embrapa Café.

Investimentos – Segundo o coordenador da Coordenação de Acompanhamento e Promoção da Tecnologia Agropecuária (CAPTA/DEPTA/SDC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Roberto Lorena de Barros Santos, muitos dos Bancos de Germoplasma no Brasil se mantém utilizando parte de recursos destinados à pesquisa de melhoramento genético. Buscando novas estratégias para fortalecimento desses Bancos, Roberto fala sobre o objetivo do Ministério em destinar recursos federais específicos para os Bancos de Germoplasma. “Estamos criando uma câmara setorial que vai capitanear isso, reunindo representantes de outros Ministérios e levando a problemática também para o Congresso Nacional”.

Política Pública para Bancos de Gemoplasma – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da CAPTA/DEPTA/SDC, vem pensando uma política nacional para os Bancos de Germoplasma a partir de duas estratégias. A primeira consiste em apoiar e viabilizar a formação de redes regionais de curadores de Bancos de Germoplasma animal, vegetal e de microorganismos. O objetivo, diz o coordenador da CAPTA, é fazer com que, além de ter curadores, os Bancos interajam melhor, trocando informações e materiais, prestando apoio mútuo, tanto nacional quanto internacionalmente. “Queremos conscientizar que germoplasma é para circular, atentando para os instrumentos jurídicos que garantam a proteção dos materiais”, ressalta Roberto.

A segunda ação será a formação de uma plataforma digital nacional de recursos genéticos para alimentação e agricultura. Um sistema eletrônico que funcionará como um banco de dados com toda a descrição dos materiais existentes e números relacionados aos Bancos de Germoplasma no Brasil.

As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café recebem recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Funcafé/Mapa).

Cultivares obtidas:

Araponga MG 1 (2004) – Derivada de hibridação artificial entre a cultivar Catuaí Amarelo IACCultivar_Araponga_Samantha_Mapa_pqn 86 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 446-08. Características: Alto vigor vegetativo, boa arquitetura de plantas, alta produtividade e resistência à ferrugem e qualidade da bebida idêntica às cultivares comerciais Catuaí e Mundo Novo. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo do Coffea arabica.

Catiguá MG1, MG 2 (2004) e MG3 (2006) – Derivadas de cruzamento artificial entre Catuaí Amarelo IAC 86 e uma planta de Híbrido de Timor UFV 440-10. Características: As três são resistentes à ferrugem e a Catiguá MG3 também apresenta resistência ao nematoide Meloidogyne exígua. Têm folhas são ligeiramente lanceoladas e formam um ângulo agudo em relação ao ramo (espinha de peixe). A Catiguá MG1 tem folhas novas cor de bronze, na “MG2” elas são bronze e verde, e bronze-claro na “MG3”. Os frutos maduros têm coloração vermelha intensa. A Catiguá MG2 apresenta bebida de excelente qualidade. Indicadas para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo do Coffea arabica.

Paraíso MG H419-1 (2002) – Derivada do cruzamento artificial da cultivar Catuaí Amarelo IAC 30 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 445-46. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, altura média de 1,95cm aos 72 meses, produtividade superior à da cultivar Catuaí Vermelho IAC 99, em condições de lavoura nas quatro primeiras colheitas. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo do Coffea arabica.

Pau-Brasil MG1 (2004) – Derivada da hibridação artificial entre a cultivar Catuaí Vermelho IAC 141 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 442-34. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, alto vigor vegetativo, boa arquitetura, porte baixo e elevada produtividade. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo de café.

Sacramento MG1 (2004) – Derivada da hibridação artificial entre a cultivar Catuaí Vermelho IAC 81 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 438-52. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, alto vigor vegetativo e elevada produtividade, com destaque para a precocidade da capacidade produtiva inicial. Folhas novas de cor verde ou bronze, frutos de cor vermelha, porte baixo e ramos bastante compridos. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo de café.

Oeiras MG 6851 (1999) – Desenvolvida pelo método genealógico a partir do híbrido CIFC HW 26/5, resultante do cruzamento entre Caturra Vermelho (CIFC 19/1) e Híbrido de Timor (CIFC 832/1). Características: A maioria dos cafeeiros apresenta resistência às raças de Hemileia vastatrix Berk ET BR., que prevalece nas regiões produtoras de Minas Gerais. Porte baixo, copa de formato cônico, brotos de cor bronze, fruto vermelho, sementes graúdas ligeiramente alongadas e maturação uniforme. Indicada para regiões de Minas Gerais de elevada altitude do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Sul de Minas e Zona da Mata.

Fonte: O Livro “Cultivares de Café – origem, características e recomendações” traz informações sobre essas e demais cultivares obtidas com apoio do Consórcio Pesquisas Café.

 

Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Cristiane Vasconcelos (MTb 1639/CE).
Fone: (61) 3448-4566
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com.br