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Método Treino & Visita de transferência de tecnologias fortalece cafeicultura do Paraná

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Primeiro, o treino. Profissionais da assistência técnica e extensão rural – principalmente da Emater-PR, mas também de secretarias municipais de agricultura e cooperativas – e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, se reúnem para trocar informações sobre o andamento da safra, uniformizar o entendimento sobre as questões técnicas relevantes verificadas no campo e, a partir daí, definir estratégias de atuação junto aos cafeicultores. Em seguida, vêm as visitas, quando extensionistas se dirigem às propriedades e, juntamente com os produtores, definem as ações necessárias. É também o momento em que os cafeicultores relatam os problemas que enfrentam, levantam questionamentos e até propostas de estudos para a pesquisa.

Esse ciclo de encontros, aparentemente tão simples, é o núcleo do Treino & Visita, uma metodologia de transferência de tecnologias que começou a ser utilizada no Paraná em 1997, no contexto de implantação do chamado “Modelo Paraná de Cafeicultura Adensada”. “Organizar e potencializar a circulação de informações entre pesquisadores, técnicos e produtores é o ponto forte do método”, explica o especialista em transferência de tecnologias Marcos Valentin Martins, do Iapar.

Martins conheceu a técnica durante seu curso de mestrado, na Inglaterra, quando estudou sua aplicação em regiões da África e Ásia. “Ao retornar, percebi que, com pequenas mudanças, seria possível adaptar o método para a realidade da cafeicultura paranaense”, conta.

Funcionamento - Martins explica que a metodologia se apoia na organização de pequenos grupos de técnicos e produtores, o que possibilita multiplicar as informações e organizar sua circulação. Funciona como uma pirâmide: no topo, há um núcleo coordenador, integrado por pesquisadores. Eles treinam um grupo formado por profissionais de assistência técnica experientes, que passam a compor os diversos (tantos quantos forem necessários no território trabalhado) comitês de especialistas, que é o segundo degrau.

O comitê de especialidade dá suporte a um grupo de outros 10 a 15 profissionais de uma determinada região, e cada um desses profissionais, por sua vez, tem a incumbência de visitar, sistematicamente, 10 a 15 cafeicultores. “Os grupos seguem um calendário de reuniões para discutir os problemas levantados nas propriedades e, naturalmente, as possíveis soluções apontadas pelos pesquisadores, especialistas e pelos próprios cafeicultores”, esclarece Martins.

Resultados – O extensionista da Emater-PR e atual coordenador do Treino & Visita, Cilésio Demuner, explica que, além dos pesquisadores do Iapar – e, eventualmente, de outros centros de pesquisa e universidades, na condição de convidados –, o programa opera atualmente com um grupo de 20 especialistas e 59 técnicos, que, por sua vez, acompanham diretamente cerca de 700 cafeicultores paranaenses.

Demuner acredita, no entanto, que a ação alcança algo em torno de cinco mil cafeicultores no Paraná. “Além de influenciar os vizinhos, as propriedades diretamente atendidas são também utilizadas em ações complementares, como dias de campo e visitas, visando atingir mais produtores”, complementa.

Durante 18 anos, Armando Androciolli foi coordenador das pesquisas em café do Iapar; agora, ocupa o cargo de diretor científico da instituição. Para ele, ao definir foco e metas os Treino & Visita estabelece uma referência estratégica à difusão e transferência de tecnologia para a cultura. Outra vantagem do método, segundo o pesquisador, é o aprendizado coletivo. “O debate propiciado pelas reuniões eleva a capacitação do grupo como um todo e, sobretudo, dá grande segurança aos profissionais envolvidos no aconselhamento técnico diretamente aos produtores”, conclui o dirigente.

No município de Grandes Rios, situado na região central do Paraná, 12 agricultores participam do Treino & Visita. O extensionista Nelson Menoli, da Emater-PR, no programa desde seu início, em 1997, é o responsável pelo acompanhamento dessas propriedades. Ele conta que, além de ganhos de produtividade (já superando 30 sacas beneficiadas por hectare, contra apenas 22 no início do trabalho), a metodologia propiciou também um “salto qualitativo” dos produtores. “O cafeicultor é ávido por informações novas, e um processo sistematizado de trabalho facilita o aprendizado constante”, avalia.

Ainda assim, Menoli constatou que muitos produtores têm grande dificuldade em expor suas dificuldades técnicas. Para superar o entrave, ele anuncia uma inovação, a aplicação de um “questionário secreto” durante os encontros estaduais de cafeicultura. O produtor responde as perguntas e não precisa se identificar. Os problemas mais recorrentes passam a integrar a agenda das reuniões do Treino & Visita, explica o extensionista.

Consórcio Pesquisa Café - Congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

 

Texto:  Edmilson Gonçales Liberal - MTb 4782/PR
Contatos: 43 3376-2465 /  Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.