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Consórcio Pesquisa Café busca equilíbrio do agronegócio café com sustentabilidade

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Esse foi o tom principal da primeira palestra realizada durante o segundo dia do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, que ocorre de 25 a 28 de novembro no Fiesta Bahia Hotel, em Salvador-BA.  A palestra “Avanços e desafios do Consórcio Pesquisa Café”, proferida por Florindo Dalberto, diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, uma das instituições fundadoras e participantes do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café. Ele mostrou que, com a criação do Consórcio em 1997, a produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade 8,0 sacas por hectare saltou para 47,5 milhões de sacas e produtividade de 23,6 sacas por hectare, segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab para 2013.

Para Florindo, essa multiplicação da produção e produtividade de café brasileiro é somente uma das faces desse desenvolvimento. Ela tem como marcas também a melhoria da qualidade global do produto (que inclui a qualidade de vida dos produtores e trabalhadores, a qualidade do processo de produção e a vertente ambiental), a diversificação dos cafés do Brasil e finalmente a consolidação do Brasil como líder mundial na produção e exportação do produto. “Definitivamente o País não pode mais prescindir da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – PD&I, o grande insumo para a manutenção da sustentabilidade e competitividade do café brasileiro. Todos nós que fazemos o Consórcio temos orgulho desses números e nos preparamos para os desafios que se renovam continuamente. Para isso não perdemos de vista o passado, atentamos para o presente e buscamos antever o futuro e seus desafios”.

Além do investimento contínuo em pesquisa, para se expandir a fronteira do conhecimento e adiantar-se aos problemas futuros, as demandas e expectativas do setor produtivo devem se transformar em objetivos do Consórcio Pesquisa Café. Essa afirmação do palestrante é ponto comum entre os integrantes do Consórcio Pesquisa Café. Entre as demandas e expectativas estão: iniciar o processo das mudanças para mais sustentabilidade da cafeicultura com critérios básicos definidos; melhorar práticas agrícolas e de gestão; ter melhor acesso a mercados, informações e serviços de apoio; fortalecer estrutura organizacional; aumentar transferência de valores na cadeia do café e desenvolver novos produtos a base de café com a agregação de valor.

Avanços tecnológicos – O Consórcio Pesquisa Café é responsável pela geração de conhecimentos estratégicos para o setor, como, por exemplo, o projeto de sequenciamento de genes intitulado Projeto Genoma; os processos de obtenção de mudas; os sistemas de alerta de riscos climáticos; o desenvolvimento de cultivares; manejo sustentável da lavoura; a tecnologia do estresse hídrico controlado; processos de colheita e pós-colheita de café; sistema de reúso da água residuária do café – SLAR; instalações de equipamentos de secagem e, mais recentemente, a descoberta dos benefícios do café para a saúde, atuando como energético natural e auxiliando na prevenção de doenças. Além de gerar tecnologia, o Consórcio é peça chave na transferência desse conhecimento aos cafeicultores.

Desafios – Entre os desafios citados pelo palestrante estão, por exemplo, o custo de produção elevado, excesso de oferta no mercado mundial, estímulo ao consumo e companhas de marketing, conquista e consolidação de novos mercados, desenvolvimento de novos produtos à base de café, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, captação de mais recursos para investimentos na pesquisa e transferência de tecnologias.

Para Florindo, o Consórcio Pesquisa Café é a inteligência estratégica do setor e a ele cabe a busca pelo equilíbrio do agronegócio café com sustentabilidade econômica, social e ambiental, atendendo às expectativas dos produtores. “Os desafios estão permeados pela busca da sustentabilidade ambiental (respeito aos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas), econômica (utilização racional e eficiente dos recursos e acesso aos mercados principalmente internacionais), social (promoção da qualidade de vida e inclusão social) e política (fortalecimento das instituições representativas do setor cafeeiro, de ensino, pesquisa e extensão e instituição de mecanismos de apoio para implementação de políticas públicas de sustentação). 

Sobre as tecnologias sustentáveis já desenvolvidas, foram citadas, entre outras, manejo do mato, sistemas agroflorestais, cultivares resistentes a fatores bióticos e abióticos, cafeicultura de montanha, uso eficiente da água de irrigação, controle biológico de pragas, colheita mecanizada, terreiro híbrido secador, reuso da água residuária. 

Em busca da sustentabilidade da cafeicultura – O Consorcio Pesquisa Café vem desenvolvendo ações para garantir a sustentabilidade da cafeicultura brasileira. Em parceria com o Departamento de Café e a Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa elaborou o documento “Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Cafeeiro – PEDSC, que aborda, em linhas gerais, cenários prospectivos, equalização do patamar de produtividade, investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia, capacitação de cafeicultores e técnicos, comercialização e marketing e certificação a ser obtida pela adoção da Produção Integrada de Café, cujas normas foram aprovadas este ano pelo Mapa. 

O começo de tudo: inserção formal da pesquisa na politica de café – Segundo Florindo, a grande modernização da agricultura brasileira aconteceu nos anos 70, época em que, de acordo com Florindo Dalberto, o Brasil passou do cabo de enxada a jogador mundial no campo do agronegócio. Nesse contexto, em 1973, é criada e Embrapa. Mais tarde, em 1997, para preencher um vazio institucional existente na cafeicultura depois da extinção do antigo Instituto Brasileiro do Café – IBC, surge o Consórcio Pesquisa Café, arranjo fundado por importantes instituições de pesquisa e ensino e extensão congregadas em um programa de pesquisa que tem como foco o desenvolvimento de tecnologias para todas as etapas da cadeia produtiva do café. “O Consórcio é uma parceria em grande escala, uma reorganização das ações de pesquisa pelas tradicionais entidades de pesquisa, ensino e extensão, uma rede aberta e plural com gestão e resultados compartilhados”.

Florindo explicou que a palavra Consórcio, termo roubado da engenharia, é uma junção de competências, especialidades e recursos financeiros. Para ele, a concretização do Consórcio foi um ato criativo e inovador que recolocou a pesquisa dentro da política global e estabeleceu compromissos, aproximando a cadeia produtiva do setor tecnológico. “Hoje, o Brasil é o país produtor mais competitivo do mundo”, afirma Florindo. Ele destacou, ainda, a importância do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira - Funcafé como financiador de várias atividades do setor. Entre elas, pesquisa e tecnologia. “Sem o Funcafé, não haveria Consórcio. Porém, hoje, os recursos do fundo não têm sido suficientes”. E foi além: “a relação do Brasil com o café não é econômica, mas, sim, de alma, de sentimento”.

O Consórcio foi criado por iniciativa de dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig, Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.

Hoje o Consórcio Pesquisa Café reúne cerca de 50 instituições de ensino, pesquisa e extensão nas principais regiões produtoras e tem 330 planos anuais de ação. “Estamos caminhando para chegarmos a cerca de 90 instituições consorciadas e 500 planos de ação, o que permitirá ainda mais o desenvolvimento e fortalecimento da cafeicultura brasileira no País e no exterior”, adianta o diretor-presidente do Iapar.

O diretor-presidente do Iapar concluiu a apresentação com uma citação de Luiz Carlos Fazuoli: “Todos os pesquisadores de café do Brasil deveriam se esforçar para que o Consórcio Pesquisa Café tenha longa durabilidade”. E completou: “Vida longa ao Consórcio”!

 

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Texto: Carolina Costa – MTb 7433/DF e Flávia Bessa – MTb 4469/DF
Fone: (61) 3448-1927
Sites: www.sapc.embrapa.br  e www.consorciopesquisacafe.com.br