Durante o terceiro dia do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, realizado de 25 a 28 de novembro em Salvador-BA, as cultivares de café arábica foram apresentadas pelos pesquisadores Antônio Alves Pereira, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Luiz Carlos Fazuoli, do Instituto Agronômico – IAC, e Tumoru Sera, do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar. Na ocasião, foi lembrado o importante trabalho de Alcides Carvalho, base de todo o melhoramento genético do cafeeiro no Brasil.
Epamig - Segundo Pereira, experimentos de café há cinco anos implantados nos Vales dos Vinhedos no âmbito do Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro pela Epamig e parceiros (Universidade Federal de Lavras – Ufla, Universidade Federal de Viçosa – UFV e Embrapa Café) têm resultado em cultivares adaptadas muito bem às condições da região. É o caso da cultivar Catiguá MG2, recomendada para a produção de cafés especiais, que como características resistência à ferrugem, porte baixo e, principalmente, elevada qualidade de bebida. O melhoramento genético do cafeeiro em Minas Gerais foi iniciado em 1970, após a chegada da ferrugem no Brasil.
“Na seleção das cultivares, utilizamos um conjunto de características desejáveis, como produtividade, vigor vegetativo, resistência a doenças, pragas e nematoides, porte e arquitetura de plantas, época (ciclo) e uniformização de maturação, entre outras”, destaca o pesquisador.
Mais cultivares - Paraíso MG 419-1 e Oeiras MG 6851 (resistência à ferrugem e porte baixo; recomendada para cultivo em sistema adensado, cafeicultura familiar, cafeicultura de montanha), Catiguá MG1 (resistência à ferrugem, porte baixo e elevado vigor vegetativo), Catiguá MG3(resistência à ferrugem e porte baixo; recomendada para cultivo em áreas infestadas pelo nematoide das galhas da espécie); Topázio MG 1190(elevado vigor vegetativo e porte baixo; recomendada para cultivo em sistema mecanizado), MGS Travessia (boa resposta à poda e porte baixo).
IAC – Para ter ideia da importância histórica e atual do Instituto, as cultivares Mundo Novo e Catuaí, desenvolvidas e selecionadas pelo IAC, são carros-chefe da cafeicultura brasileira e representam cerca de 90% dos cafeeiros arábicas cultivados. Fazuoli fez referência à elevada quantidade de cultivares altamente produtivas e com ótimas características agronômicas e tecnológicas já registradas e à disposição dos cafeicultores, mostrando que o Brasil é riquíssimo em número e qualidade de cultivares. Exemplo disso são as cultivares Laurina IAC 870 e Ibairi IAC 4761, que têm ótima qualidade da bebida.
“As cultivares têm contribuído significativamente para a produção do café arábica no País, que é o maior produtor mundial e o segundo maior consumidor. O produtor brasileiro é privilegiado e tem então oportunidade de escolher a cultivar que melhor se adapte em sua região”. Atualmente há 123 cultivares de café arábica registradas no Registro Nacional de Cultivares – RNC. O IAC têm 65 delas, sendo 40 de porte alto e 25 de porte baixo.
Segundo informações do pesquisador, em relação à ferrugem o IAC registrou 17 cultivares produtivas e com resistência à doença. “Para as áreas com nematoides, foi desenvolvido o porta-enxerto Apoatã IAC 2258, que tem proporcionado plantio de café arábica em áreas infestadas por esses parasitas. Para algumas pragas importantes, como é o caso da broca, que no momento é impossível produzir cultivares resistentes por não ter fontes de resistência à ela, uma opção é o uso de transgênicos, que no momento é proibido o seu plantio no Brasil. Raças novas de ferrugem têm surgido, bem como doenças que não eram importantes estão atualmente afetando os cafezais e, nesse caso, trabalho visando cultivares com resistência durável à ferrugem e identificação de fontes de resistências a novas doenças é imprescindível”.
Também foi discutido as tendências atuais do melhoramento de café arábica tendo em vista as mudanças climáticas, exigência dos mercados, preservação do meio ambiente, desenvolvimento de clones com qualidade especial de bebida. Outro enfoque discutido foi o desenvolvimento de cultivares de café naturalmente descafeínado, com 0,07% de cafeína, “que poderá atender um grande mercado no exterior e proporcionar às pessoas sensíveis à cafeína a possibilidade de saborear um cafezinho” e o desenvolvimento de cultivares mais apropriadas à colheita mecânica e manual em áreas declivosas “com a seleção de plantas mais baixas e com boa arquitetura para agricultura familiar e cafeicultura de montanha”. Fazuoli adiantou ainda que “clones de café arábica com maior produção, associada a características especiais de bebida e ou resistência múltipla a várias doenças, pragas e nematoides estão sendo desenvolvidas e deverão ser multiplicadas por cultura de tecidos ou estaquia”.
Iapar – Tumoru Sera começou sua fala lembrando que o melhoramento genético do cafeeiro no Paraná desenvolve cultivares para cafeicultura modelo do estado, que é bem diferente do modelo do Brasil. No Paraná, o café é cultivado de forma adensada. Entre as cultivares citadas, estão a IPR 98, desenvolvida em 2004. Entre as principais características estão a produtividade, resistência à ferrugem e porte baixo. Os frutos da IPR 98 amadurecem depois dos da cultivar IAPAR 59, outra cultivar gerada pelo Instituto, o que contribui para escalonar a colheita no modelo de cafeicultura adensada e possibilitar ao cafeicultor colher as duas cultivares no ponto ideal de colheita, produzindo um café de boa qualidade.
Sobre o Simpósio - O Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil é realizado a cada dois anos pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pelaEmbrapa Café. O principal objetivo do evento é promover ampla discussão com a comunidade científica e com representantes dos diversos setores da cadeia produtiva do café sobre conceitos modernos de produção para estimular debates permanentes de temas relacionados ao agronegócio café, que visem garantir o aumento da competitividade, melhoria da qualidade do produto e a sustentabilidade do setor cafeeiro, com inclusão social. O público-alvo constitui-se de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes universitários, extensionistas, lideranças de associações e cooperativas, empresários, cafeicultores e demais segmentos interessados no desenvolvimento do agronegócio café, imprensa especializada e comunidade em geral, do país e do exterior. Essa é a 8ª. Edição do evento. O tema deste ano é “Sustentabilidade e inclusão Social”.
Assessoria de Imprensa do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil
Texto:
Flávia Bessa – MTb 4469 - DF
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