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Sustentabilidade da cafeicultura é discutida no VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

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Palestra proferida durante o VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, realizado no período de 25 a 28 de novembro, em Salvador-BA, também abordou “Tecnologias aplicadas à sustentabilidade da cafeicultura” com dois focos:  Coffea arabica, apresentado pelo pesquisador Gladyston Rodrigues Carvalho, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig; Coffea canephora, apresentado pelo pesquisador Romário Gava Ferrão, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper.

Coffea arabica - Mecanização e qualidade como base para sustentabilidade, manejo nutricional e fitossanitário e renovação de lavouras com ênfase em podas e cultivares foram alguns dos tópicos tratados relacionados ao café arábica. Para Gladyston, a mecanização e a qualidade são dois pontos nos quais a sustentabilidade dessa espécie de café está atrelada. “Independentemente do sistema, esse fato não muda. E há oportunidades – e necessidade - de melhorar esses aspectos, principalmente para as áreas de montanha, onde se tem dificuldade de mecanizar. Em áreas de montanha, inclusive, a poda é alternativa para redução de custos”. Sobre nutrição, o pesquisador trouxe a tecnologia de análise de solo e de folhas, mostrando estudos de caso em propriedades que fizeram bom manejo nutricional, ganhando em produtividade.

O pesquisador também falou sobre a importância do manejo da lavoura, da produção e de pragas e doenças para obter mais vantagens para a lavoura de café. “A tecnologia precisa ser continuamente aprimorada para responder eficientemente aos novos desafios”. A respeito do tema sustentabilidade, segundo ele, tem três bases: econômica, social e ambiental, com adoção de tecnologias disponíveis. “No entanto, as políticas cafeeiras não têm colaborado para que o cafeicultor atinja os objetivos econômicos. O agricultor precisa ter renda, remuneração por seu esforço de trabalho. A sustentabilidade só será completa quando tivermos um bom programa político de preço para a cafeicultura. A curto prazo, algumas medidas já têm sido adotadas com a renegociação e prorrogação das dívidas. A médio prazo, temos de renovar o parque cafeeiro”.

Coffea canefora – Entre as tecnologias responsáveis pelo sustentabilidade do café conilon estão as variedades melhoradas de café conilon, aprimoramento das técnicas de produção de mudas clonais, fisiologia vegetal, estabelecimento e recomendações de espaçamentos, poda programada de ciclo, plantio em linhas, nutrição e adubação, manejo integrado de pragas e doenças, práticas de conservação de solo, manejo de irrigação e tecnologias de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento. Romário destacou a poda programada, prática que revigora as lavouras de conilon, favorece a longevidade do cafezal e aumenta a produtividade, além de reduzir a mão-de-obra nas práticas de adubação, podas e de manejo, de forma geral. A poda consiste na eliminação das hastes verticais e dos ramos horizontais improdutivos para que no lugar deles nasçam outros mais novos e com potencial produtivo renovado.

Entre os benefícios da tecnologia da poda, segundo o pesquisador do Incaper Romário Gava Ferrão, encontram-se: “redução média de 32% de mão-de-obra (evidenciado em um período de dez safras consecutivas); facilidade de entendimento e execução; padronização do manejo da poda; maior facilidade para realização da desbrota e dos tratos culturais; mais uniformidade das floradas e da maturação dos frutos; melhoria no manejo de pragas e doenças; aumento superior a 20% na produtividade média da lavoura; mais estabilidade de produção por ciclo e melhor qualidade final do produto, tornando inclusive as plantas mais tolerantes a seca e com melhores condições para o monitoramento e o manejo de pragas e doenças”.

Outro destaque da apresentação do Incaper foi o programa de melhoramento genético, cujo objetivo é desenvolver materiais genéticos superiores, de melhor qualidade e mais produtividade; com resistência às principais pragas e doenças, com destaque à ferrugem, que é a principal doença do cafeeiro; boa arquitetura de planta; uniformidade de maturação, entre outros. “Foram estabelecidas metodologias de pesquisa para o desenvolvimento de variedades clonais e de variedades propagadas por sementes, já que o conilon apresenta particularidades genéticas diferentes das do café arábica. Nos últimos anos, as pesquisas estão voltadas também para a identificação de materiais genéticos com tolerância à seca e uniformidade de maturação, para a evidenciação de características relacionadas à qualidade do produto e da bebida. Também para a ampliação da base genética e, sobretudo, para o desenvolvimento de cultivares com diferentes atributos positivos, por meio da utilização de estratégias de melhoramento mais modernas e/ou de ferramentas e conhecimentos multidisciplinares”.

Como resultado mais recente desse programa de melhoramento, Romário lembrou do lançamento neste ano de três novas variedades que deverão estimular novo ciclo da cafeicultura capixaba, com desenvolvimento sustentável e equilibrado e melhor qualidade de vida para os produtores: Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária Incaper 8132, desenvolvidas pelo  Incaper em parceria com a Embrapa Café e o apoio do Consórcio Pesquisa Café. “Essas variedades atestam a qualidade do conilon que ainda não tinha sido revelada pela pesquisa. Cada uma das três novas variedades são formadas pelo agrupamento de nove clones superiores compatíveis. Além de possuírem características para a produção de bebida com classificação superior, são altamente produtivas, podendo alcançar rendimentos superiores a 120 sacas beneficiadas por hectare em plantios irrigados com alta tecnologia. Também apresentam boa estabilidade de produção, uniformidade de maturação, moderada resistência a ferrugem e ainda tolerância a seca.

A qualidade superior da bebida é um dos grandes destaques dos novos materiais genéticos. Pela primeira vez no programa de melhoramento de café conilon do Brasil, análises de qualidade (sensoriais e bioquímicas) foram utilizadas como critério para o desenvolvimento de novas variedades clonais. Instituições como a Nestlé e a Conilon Brasil participaram das avaliações de qualidade. “As análises foram provenientes de amostras de grãos preparados pelo processo de secagem natural de todos os clones componentes das variedades, coletados em três locais representativos e distintos do Estado do Espírito Santo. As variedades obtiveram médias de 77,5 a 79 pontos numa escala de 0 a 100, o que as classifica como cafés superiores. Nos sabores e aromas das novas variedades clonais, foram observadas notas de chocolate, caramelo e retrogosto adocicado”, finaliza.

 

Assessoria de Imprensa do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

Texto:

Flávia Bessa – MTb 4469 - DF

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