Foi assinado convênio de transferência de tecnologias para a cafeicultura entre a Embrapa e o Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café. Serão realizados treinamentos e eventos para técnicos e produtores da região especialmente nas áreas de fertilidade do solo e nutrição de plantas, qualidade da bebida e manejo da cultura (cultivares, espaçamento, podas, etc). As tecnologias geradas pelo Consórcio serão repassadas nos moldes da metodologia Treino e Visita. O trabalho conta com a parceria do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater-PR durante todo o período de vigência do convênio.
O objetivo é proporcionar fluxo ordenado de informações entre a pesquisa agropecuária, extensão rural e produtores. Segundo o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, a cafeicultura paranaense passa por um período de dificuldades em função, principalmente, da falta de mão de obra, pequena escala de produção, desequilíbrio econômico entre o preço recebido pelo produto e o custo da produção, problemas bióticos, causados por organismos vivos, e abióticos, por elementos físicos do ambiente. “Propiciar que o conhecimento gerado pela pesquisa seja repassado para produtores por técnicos capacitados é uma das formas de equacionar os problemas. Tratos culturais, manejo da fertilidade e nutrição das plantas, quando efetuados de forma inadequada, mantêm a produtividade abaixo do ponto de equilíbrio econômico e diminui consideravelmente a qualidade final da bebida, inviabilizando dessa forma a produção de café em grande parte das propriedades do Paraná”.
Execução e expectativas – Serão instaladas Unidades Demonstrativas em propriedades representativas das regiões cafeeiras do estado para, por meio de oficinas temáticas, servir de modelo a atividades de treinamento de técnicos e produtores. Também serão realizados treinamentos específicos sobre qualidade da bebida para técnicos e produtores e eventos para motivar a colaboração dos cafeicultores na adoção de técnicas corretas de condução da cultura. Espera-se que as ações aumentem a produtividade e a qualidade final do produto, contribuindo para o fortalecimento da cafeicultura paranaense.
Treino e Visita - É um método desenvolvido em 1977 pelo Banco Mundial para ser implantado na Ásia e na África. A Embrapa Soja, na década de 90, passou a adotar o sistema, inovando o processo de transferência de tecnologia no Brasil. Os bons resultados na soja fizeram com que a metodologia fosse ampliada para o sistema de grãos como um todo. No café, consiste em ações promovidas junto a produtores que recebem capacitações sobre as tecnologias que interessam para sua produção. As tecnologias, resultados de pesquisa, são repassadas por pesquisadores para especialistas de assistência técnica na região. Estes, por sua vez, repassam as tecnologias para um grupo de agrônomos que são encarregados de transmiti-las para os produtores. Essa rede integrada capilariza as tecnologias, fazendo com que elas cheguem ao campo e também permitem que, no caminho inverso, sejam captadadas as demandas dos produtores. Além disso, estabelece fórum permanente de debates e discussões técnicas, assim como o monitoramento e a avaliação dos resultados da aplicação das tecnologias desenvolvidas para a cafeicultura. Entre os resultados, pode-se destacar cerca de cinco novas tecnologias transferidas por ano de acordo com as necessidades dos produtores. Em 17 anos do Consórcio Pesquisa Café, cerca de 70 tecnologias foram transferidas para até 1.500 produtores por ano. Saiba mais em (http://www.sapc.embrapa.br/index.php/ultimas-noticias/metodo-treino-a-visita-de-transferencia-de-tecnologias-fortalece-cafeicultura-do-parana
Tecnologias e produtos - Entre as contribuições do Iapar para a cafeicultura pode-se citar o controle biológico de pragas, o manejo de solo por meio da adubação verde e o lançamento de novas variedades. Também vale ressaltar o serviço do Alerta Geada (http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=414), que informa e orienta o agricultor sobre a ocorrência de geadas para proteger novos cafezais, e ainda o sistema de café adensado (http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/ct121.pdf), adequado à nova realidade da cafeicultura paranaense e baseado em pequenas propriedades e na necessidade de plantas menores por conta da escassez de mão-de-obra.
O Alerta Geadas está em uso desde 1995 e, com a criação do Consórcio em 1997, houve maior aporte de investimento. No Paraná, permite proteção das lavouras novas, de 6 meses a 2 anos. Quando há previsão de geada, um alerta é disparado para os produtores cadastrados no projeto. Com a previsão da geada os produtores são orientados a fazer o chamado “enterrio” da planta, que deve ficar coberta por, no máximo, 20 dias, protegida contra as geadas de moderadas a fortes. O Alerta Geada também dispara o aviso, no começo de todo inverno com o primeiro resfriamento, para outra técnica, a “chegada de terra”, que consiste em amontoar a terra na base das plantas para protegê-las do frio. Em 2000 foi registrada no estado uma grande geada; nesse ano, o alerta foi atendido por 100% dos produtores de café da região. Em 2013, o estado também registrou geada que afetou a cafeicultura paranaense. Estima-se que cerca de R$ 21 milhões em prejuízos aos produtores de café no Paraná foram evitados com o Alerta Geada.
Cultivares - O Iapar desenvolveu 13 cultivares de café graças ao apoio e recursos do Consórcio. Dessas cultivares, cinco foram lançadas e comercializadas: Iapar 59, IPR 98, IPR 99, IPR 103 e IPR 107. As cultivares Iapar, IPR 98 e IPR 107 são umas das poucas no mundo que têm resistência de longa duração (cerca de 30 anos) a uma super-raça de ferrugem originada na Índia. Os testes foram feitos pelo Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro - CIFC, em Portugal. Oito delas ainda não foram lançadas. São elas: IPR 97, IPR 100, IPR 101, IPR 102, IPR 104, IPR 105, IPR 106 e IPR 108.
Produção no PR – Segundo dados de janeiro de 2014 da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, os resultados indicam que a área total reduziu 29%, sendo erradicados 23.890 hectares, passando dos 81.960 para os atuais 58.070 hectares. Segundo a Conab, essa redução se deve à forte crise de renda que vive a cafeicultura, aliada às geadas e a grande dificuldade de gerenciar a atividade com maior dependência de mão de obra, bem como devido às vantagens de cultivo de outras atividades agrícolas. A primeira previsão de produção para 2014 apresenta redução de 61%, se comparada à obtida em 2013, sendo a diminuição da área e as geadas os principais fatores. Cerca de 60% da área total terão alguma produção e 40% estão em formação, maior parte devido ao manejo de podas que foram feitas nas lavouras após a colheita e devido às geadas.
Saiba mais sobre o Consórcio Pesquisa Café, a Embrapa Café, o Iapar e a Emater-PR nos sites:
www.consorciopesquisacafe.com.br
Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Flávia Bessa - MTb 4469/DF
Contatos: 61 3448-1927 / Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.