Primeiros colocados do concurso fizeram uso de cultivares do Instituto Agronômico – IAC
Vencedores do Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo de 2013 - Prêmio Aldir Alves Teixeira - utilizaram as cultivares Obatã vermelho, Tupi, Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho e Mundo Novo, todas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico - IAC, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. O concurso, que visa incentivar a melhoria da qualidade do café, é realizado todos os anos pelo governo estadual e promovido por meio da Câmara Setorial do Café do Estado de São Paulo, Sindicato da Indústria de Café de São Paulo - Sindicafesp e pela Coordenadoria de Agronegócios da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo – Codeagro. Conta, ainda, com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic e da Associação Comercial de Santos – ACS.
Para Nathan Herszkowicz, Presidente da Câmara Setorial do Café e representante da Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic no Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC (suplente), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, o Prêmio Aldir Alves Teixeira, agora em sua 12ª edição, teve o mérito de despertar em todo o Estado de São Paulo o interesse por produzir qualidade e ampliar os conhecimentos técnicos dos produtores e torrefadores que compram esses cafés premiados, contribuindo para ampliar o consumo, dar mais importância ao café como bebida preferida no País e agregar valor em toda a cadeia produtiva. Para ele, “os consumidores que adquirirem e degustarem esses cafés, terão a rara sensação de provarem bebidas inigualáveis e únicas”.
Os vencedores - A produtora Laura Luiza Del Guerra Vergueiro, proprietária da Fazenda Nova União, conquistou o prêmio de primeiro lugar na categoria cereja descascado, seguida do produtor João Roberto Corral Provêncio, proprietário da Fazenda Santa Jucy. As fazendas localizam-se, respectivamente, nos municípios de Espírito Santo do Pinhal e Cássia dos Coqueiros. Já em primeiro lugar na categoria Café Natural ficou o produtor Asdrubal Marques Cardoso, proprietário da Fazenda Lage, que localiza-se no município de São Sebastião da Grama.
O café cereja descascado de Laura Luiza Del Guerra Vergueiro, desenvolvido a partir da cultivar Obatã Vermelho, obteve nota de qualidade igual a 8,879 pontos na escala de 0 a 10 pontos da Specialty Coffee Association of America - SCAA. Trata-se de um café que, de acordo com o júri, tem como características sensoriais um aroma frutado, doçura intensa lembrando garapa, encorpado e com finalização persistente, com notas de frutas amarelas cítricas, como a tangerina.
João Roberto Corral Provêncio, que conquistou o segundo lugar na categoria cereja descascado, obteve nota de qualidade 8,60. Segundo o agrônomo da Fazenda Santa Jucy, Laércio Ninin, o café produzido na propriedade é originário das cultivares Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho e Mundo Novo. Na avaliação sensorial do júri, o café da Fazenda Santa Jucy possui aroma adocicado, como caramelo, baunilha e frutas secas; corpo intenso; finalização longa e acidez equilibrada.
“A lavoura de café da fazenda é tratada com todo o cuidado e preocupando-se sempre com a questão da sustentabilidade. O solo recebe compostagem orgânica, substâncias orgânicas à base de ácidos húmicos e fúlvicos na adubação e tratos fitossanitários. Além disso, o controle de pragas e doenças é sistematicamente controlado e as adubações minerais no solo e foliares são reguladas de acordo com projeções para a safra futura. O controle de ervas daninhas em toda a propriedade também é feito de forma criteriosa”, disse Laércio.
Já o café natural produzido por Asdrubal Marques Cardoso atingiu pontuação de 8,57. O produtor conta que, em sua fazenda, utilizam-se as cultivares Mundo Novo, Icatu Amarelo e Icatu Vermelho – além da variedade Tupi, que deu origem ao café natural vencedor do concurso. A fazenda utiliza tecnologias de colheita seletiva de condução separada no terreiro e planeja, em breve, implantar terreiros suspensos para o melhoramento dos lotes de café. Além de contribuir para a limpeza dos grãos, esse tipo de terreiro favorece o processo contínuo de secagem, sem troca de umidade entre o solo e os grãos. Na avaliação sensorial do júri, o café natural da Fazenda Lage possui aroma e sabor de frutas amarelas - que lembram carambola - e notas de mel. Além da acidez cítrica, seu café é encorpado, doce e de finalização longa.
Conheça as cultivares utilizadas nas fazendas premiadas
Obatã Vermelho – A cultivar, desenvolvida pelo IAC, apresenta elevada resistência à ferrugem. É de maturação tardia e, em algumas regiões, mais tardia do que a Catuaí Vermelho. Apresenta, em alguns locais, produção superior à da cultivar Catuaí Vermelho, principalmente quando se consideram as primeiras colheitas. A qualidade da bebida é muito boa e apresenta aproximadamente de 62,5% de Bourbon Vermelho em sua composição.
Tupi RN IAC 1669-22 – Desenvolvida pelo Instituto Agronômico - IAC, a cultivar apresenta elevada produtividade, boas características agronômicas e tecnológicas e precocidade em relação às cultivares comumente utilizadas. Resistente à ferrugem e ao nematóide Meloidogyne exigua, requer menor utilização de agroquímicos, gerando considerável economia e sensível redução dos riscos relacionados à poluição ambiental e à saúde dos agricultores e consumidores. Em plantios irrigados, a cultivar produziu 91, 50 e 89 sacas beneficiadas por hectare nos três primeiros anos, respectivamente, em espaçamento de 3,6 x 0,5m.
Catuaí Amarelo – As cultivares do grupo Catuaí Amarelo, desenvolvidas pelo IAC, apresentam ampla capacidade de adaptação, sendo altas as produções na maioria das grandes regiões cafeeiras onde são plantadas. Seu porte pequeno permite maior densidade de plantio e torna mais fácil a colheita e os tratos fitossanitários. São apropriadas para pequenos proprietários que possuem cafeicultura familiar.
Em áreas irrigadas, no espaçamento de 3,80 x 0,50m, a produtividade média é de 60 sacas de café beneficiado por hectare. A Catuaí Amarelo é suscetível à ferrugem e aos nematóides. A excelente qualidade da bebida justifica-se pela participação de 75% de Bourbon Vermelho.
Catuaí Vermelho - Desenvolvida pelo IAC, a cultivar apresenta produção média de café beneficiado que varia de 1800 a 2400 kg/ha em espaçamentos normais. Produções de até 6.000 kg em anos de elevada produção e em espaçamentos menores. Em áreas irrigadas, no espaçamento de 3,80 x 0,50m, a produtividade média chega a 3.600 kg/ha.
A participação da cultivar Bourbon Vermelho em sua formação é de 75% e a qualidade da bebida é excelente. Aliás, o termo Catuaí, em tupi-guarani, significa “muito bom”. A cultivar é suscetível à ferrugem e aos nematóides, mas possui elevado vigor.
Mundo Novo – Desenvolvida pelo IAC, a cultivar Mundo Novo, liberada para plantio comercial em 1952, caracteriza-se por elevada produção de café beneficiado, aliada a ótimo aspecto vegetativo. A qualidade da bebida da cultivar Mundo Novo é excelente: em sua formação, há cerca de 50% de Bourbon Vermelho e 50% de Sumatra, o que promove a qualidade do produto. A Mundo Novo possui boa adaptação à maioria das regiões cafeeiras do Brasil, tem elevada rusticidade, grande vigor vegetativo, boa resposta à poda e época de maturação dos frutos intermediária. Além disso, algumas linhagens caracterizam-se por produzirem grãos graúdos.
Icatu Amarelo – Desenvolvida pelo IAC, a cultivar Icatu Amarelo, liberada para fins comerciais em 1992, possui como características principais os frutos de cor amarelada e a participação do café Bourbon em aproximadamente 75% de sua formação. O desenvolvimento das cultivares desse grupo foi iniciado após identificação do cruzamento natural de plantas da cultivar Icatu Vermelho com Bourbon Amarelo. As cultivares do grupo Icatu Amarelo apresentam excelente qualidade da bebida e podem ser utilizadas mais intensivamente para café ‘espresso’. A cultivar desperta grande interesse econômico por apresentar plantas vigorosas, resistência à ferrugem do cafeeiro e boa produtividade.
Icatu Vermelho – Desenvolvida pelo IAC, a cultivar apresenta produção média de 35 a 50 sacas de café beneficiado por hectare e é indicada como fonte de resistência a nematóides e ao fungo Colletotrichum kahawae (C. coffeanum), agente causal da antracnose-do-cafeeiro.
Devido, provavelmente, ao primeiro cruzamento com Bourbon Vermelho e a posteriores cruzamentos com cafeeiros Mundo Novo, a qualidade da bebida assemelha-se à das melhores seleções desta última cultivar. A participação do café Bourbon em sua formação é de 50% a 62%. Sua utilização em café expresso tem sido importante.
Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo - O 12º Concurso Estadual foi disputado por 83 lotes de cafés finalistas de 12 certames regionais, promovidos por cooperativas, associações e sindicatos de produtores paulistas de café. Amostras dos lotes foram avaliadas na Associação Comercial de Santos - ACS por um grupo de juízes classificadores durante sessões de provas cegas, acompanhadas por auditores independentes e por entidades representativas do agronegócio café, desde produtores até exportadores.
A Comissão Julgadora foi integrada pelos especialistas Aloisio Aparecido Lusvaldi Barca (BM&F), Clóvis Venâncio de Jesus (BSCA), Maria Gabriela Pariz (CPC-Sindicafé-SP), Aline de Oliveira Garcia (ITAL), Davi Teixeira (ACS), Cristina Saraiva Deolinda (Stockler/CeCafé), Cleia Junqueira (ABIC), e Gerson Silva Giomo (IAC). Os trabalhos foram coordenados pelo analista de mercado Eduardo Carvalhaes Jr.
Revelando regiões – De acordo com o Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo – Sindicafesp, um dos grandes méritos deste Concurso de Qualidade tem sido o de revelar para o mercado importantes cidades e regiões produtoras de cafés de alta qualidade. “Aos poucos, tradicionais e também novas regiões paulistas produtoras de café vão mostrando ao mercado e aos consumidores que produzem café arábica de qualidade. Ao longo desses 12 anos de concurso, cidades e regiões paulistas têm colocado seus cafeicultores entre os premiados. E cada um desses cafeicultores estimula seus pares da região a preparar melhor seus cafés na safra seguinte”, afirmou o coordenador Eduardo Carvalhaes Jr.
Para saber mais sobre a Embrapa Café, o Consórcio Pesquisa Café e o Sindicafé - SP acesse:
http://www.consorciopesquisacafe.com.br/
http://www.sindicafesp.com.br/
Gerência de Transferência de Tecnologia
Texto: Carolina Costa – MTb 7433/DF e Flávia Bessa – MTb 4469/DF, com informações adaptadas do Sindicafé-SP. Fone: (61) 3448-1927/1979
Site: www.embrapa.br/cafe www.consorciopesquisacafe.com.br