SACImprensaMapa do Portal A+ R A-
Página Inicial » Observatório » ANÁLISES e notícias da cafeicultura » Parceria entre UFLA e Universidade de Kentucky rende sequenciamento do vírus da mancha-anular do cafeeiro

Parceria entre UFLA e Universidade de Kentucky rende sequenciamento do vírus da mancha-anular do cafeeiro

E-mail Imprimir

A biotecnologia tem sido uma ferramenta importante para desvendar a diversidade genética do vírus da mancha-anular do cafeeiro (Coffee ringspot vírus – CoRSV), responsável por prejuízos nas principais regiões produtoras de café, causando intensa desfolha e redução dos atributos de qualidade nos frutos. O sequenciamento completo do genoma desse vírus está depositado no National Center For Biotechology Information (NCBI), fruto da cooperação internacional entre pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (Ufla) – instituição participante do Consórcio Pesquisa Café - e da Universidade de Kentucky, Estados Unidos.

O início dos estudos de virologia molecular especificamente com o café ocorreu em 2001, com os primeiros projetos financiados pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Os resultados preliminares deram subsídio para que fosse iniciado, em 2011, o sequenciamento do genoma do vírus da mancha-anular, com a ida do primeiro estudante da Ufla para cursar doutorado sanduíche na Universidade de Kentucky. Em 2012, mais um estudante da Ufla foi para os Estados Unidos e, em 2014, o sequenciamento foi finalizado.

Do ponto de vista acadêmico, o resultado desse estudo representa uma grande contribuição, já que o sequenciamento completo do genoma do vírus mostrou que ele possui genoma bipartido, estando classificado de forma equivocada na classe Mononegavirales. O vírus da mancha-anular passa a ser um candidato a pertencer ao gênero Dichorhavirus, ainda em proposição no órgão competente. O artigo completo será brevemente publicado no Virology Journal, periódico com alto fator de impacto e um dos mais relevantes da área.  

De acordo com a professora do Departamento de Fitopatologia da UFLA e coordenadora do projeto no Brasil, Antônia Reis Figueira, não existem estudos que envolvem a composição molecular desse vírus, sendo todas as medidas de controle direcionadas ao ácaro vetor (Brevipalpus phoenicis). Ela explica que o sequenciamento permite maior conhecimento da diversidade genética do vírus, possibilitando a recomendação de medidas mais eficazes de controle. Além disso, favorece o estudo direcionado ao uso de ferramentas moleculares para o desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao vírus.

Do ponto de vista econômico, a descoberta também beneficia o cafeicultor, já que a virose traz prejuízos econômicos em todas as regiões produtoras do País. A incidência do vírus tem aumentado nos últimos anos, afetando os cafeeiros em qualquer fase de desenvolvimento, causando manchas cloróticas ou necróticas nas folhas, geralmente em forma de anéis concêntricos, e na forma de anéis ou manchas irregulares nos frutos. O vírus causa desfolha severa de folhas, queda de frutos e depreciação da qualidade da bebida.

Parceria Internacional - Em visita à Ufla, o professor Michael Maurice Goodin, do Departamento de Fitopatologia da Universidade de Kentucky, comemora os resultados da parceria. Ele ressalta a importância da pesquisa e a oportunidade de ampliar os estudos no campo com visitas às principais regiões produtoras de café no Brasil. “Está sendo uma experiência única. A Ufla é realmente um centro de excelência na área do café, com uma organização multidisciplinar, nos ensina a conciliar fitopatologia com outras áreas do conhecimento”, considera.

Em função dessa parceria, o professor Michael Goodin aprovou um projeto na National Science Foundation (NSF) com recursos para visitar áreas de campo no Brasil e outras demandas da pesquisa, incluindo o intercâmbio na UFLA de duas estudantes da Universidade de Kentucky, Olivia Jones e Layne Ellen Duff. Elas retornam agora para os Estados Unidos, depois de um período de dois meses na universidade mineira.

Durante sua primeira temporada na Ufla, o professor Goodin ministrou dois cursos em técnicas avançadas em biotecnologia aplicada ao estudo de vírus. Para a professora Antônia, uma excelente oportunidade para atualização de novas tecnologias e para a formação diferenciada dos estudantes, em especial do curso de Pós-Graduação em Fitopatologia, que busca o conceito de qualidade internacional na Capes.

O estudo segue agora para uma segunda fase, para caracterização, variabilidade genômica, interação patógeno-hospedeira e elaboração do mapa de localização das proteínas do vírus da mancha anular. Para essa etapa, a professora Antônia Figueira aprovou um projeto no programa Ciência sem Fronteiras, que oficializa a vinda de Michael Goodin como professor visitante na Ufla. Assim, o parceiro da pesquisa poderá visitar a Universidade duas vezes ao ano, até 2016.

“Foi uma grande sorte participar dessa parceria. Tem sido uma experiência fantástica”, enaltece o pesquisador, destacando a cooperação entre pesquisadores e produtores rurais, com singular apoio para a realização das pesquisas de campo. Os professores Antônia Figueira e Michael Goodin visitaram lavouras cafeeiras em Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Paraná e Espírito Santo.

Além dos resultados científicos, o professor Goodin reforça o intercâmbio cultural como outro benefício da parceria. “Essa é uma ótima oportunidade para nossos estudantes, já que apenas 2% dos estudantes da UK têm a chance de conhecer de perto outra cultura”, afirma.

 

Texto: Cibele Aguiar - MTb 06097/MG, da Assessoria de Comunicação da Ufla, com adaptações da Embrapa Café

Contatos: 35 38295197 / Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.