Edição traz vários destaques da cafeicultura como o aumento da produtividade das lavouras cafeeiras brasileiras nas últimas duas décadas e o aumento do consumo de bebidas geladas à base de café no mundo
O Bureau de Inteligência Competitiva do Café, da Agência de Inovação do Café – InovaCafé, da Universidade Federal de Lavras – UFLA, acaba de divulgar o Relatório Internacional de Tendências do Café do mês de julho de 2016. Essa versão traz várias análises e destaques da atual conjuntura e das tendências do mercado de café em nível mundial. Entre essas análises e destaques, vale ressaltar a questão do aumento da produtividade das lavouras cafeeiras brasileiras verificado nas últimas duas décadas e o novo hábito de consumo de bebidas geladas à base de café em vários países.
Com relação ao aumento na produtividade das lavouras de café no Brasil, o Bureau aponta esse aspecto como um dos mais importantes indicadores da competitividade do setor nas últimas duas décadas. Produtividades elevadas, de acordo com o Relatório Internacional de Tendências do Café do mês de julho de 2016 (VOL. 5 – Nº6), significam uso eficiente dos fatores de produção e, mais que isso, redução dos custos de produção com impacto direto na rentabilidade e na sustentabilidade do segmento produtivo. Esta edição do Relatório na íntegra também está disponível no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Especificamente nesse caso, o Bureau ao analisar o desempenho da produtividade das lavouras brasileiras, destaca que o Brasil apresentou significativos incrementos da produtividade média das lavouras de café nas últimas duas décadas. Atribui a esse desempenho, entre vários outros fatores, à utilização de cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas – IAC. Para o Bureau, foram principalmente essas cultivares, associadas a novos avanços tecnológicos, que permitiram que o nosso País mantivesse o seu protagonismo na cafeicultura no cenário mundial nas últimas décadas.
Ainda nesse contexto, o Bureau analisou a produtividade dos 4 maiores produtores de café arábica do mundo, com base nos dados da Food and Agriculture Organization - FAO de 1961 a 2013. Nessas análises verificou que nesse período a produtividade brasileira de café teve aumento de 179,6%, e ainda que, no período de 1961 a 1980, o País produziu apenas 4 safras com produtividade acima de 10 sacas de 60kg/ha. Em contrapartida, constatou também que a retomada dos avanços na produtividade brasileira começou efetivamente na década de 1990, quando ela manteve-se acima de 10 sacas/ha, principalmente a partir de 1996. Destaca ainda que no período de 2010 a 2013 a produtividade média permaneceu acima de 20 sacas de 60 kg/ha.
Adicionalmente às análises do Relatório do Bureau, particularmente a partir da década de 1990, cumpre destacar que, se for comparada a produção de café no País a partir do advento do Consórcio Pesquisa Café, em 1997, com a safra de 2015, constata-se que também houve um aumento expressivo na produtividade, a qual passou de 8 sacas/ha para 22,5 sacas/ha, o que representa um crescimento da ordem de 281%.
Outro destaque do Relatório, que vale a pena ser ressaltado, são as bebidas geladas à base de café - Cold Brew - que têm proporcionado aumento significativo do consumo em vários países. Para o Bureau, os gelados sinalizam novo hábito de consumo no mundo e, óbvio, uma tendência que pode se consolidar e gerar um impacto duradouro no mercado. Mencionando o Canadá, o Relatório Internacional de Tendências do Café, com base em dados do Google Trends, em buscas feitas com o termo Cold Brew (café extraído a frio em um longo processo de 12 a 18 horas) ressalta que esse produto aumentou o consumo em 200% apenas em 2016, em relação a 2014 e 2015.
O Bureau salienta ainda que grandes redes de café já detectaram o potencial de mercado das bebidas geladas como uma forma de expandir seus negócios. Cita no Relatório uma grande empresa norte-americana de cafeterias que planeja ofertar seus cafés gelados não só em suas lojas, como também nas prateleiras dos supermercados e lojas de conveniência. Outra empresa citada já é a varejista número um nos EUA de bebidas geladas. Ela também introduziu em seu cardápio uma oferta no estilo Cold Brew. No Brasil, o Relatório salienta que a bebida gelada já pode ser encontrada em algumas cafeterias nacionais nos grandes centros e, adicionalmente, menciona algumas empresas que já atuam no segmento no País.
Por fim, as análises do Relatório suscitam que os cafés gelados apresentam uma grande tendência de consumo para o mercado brasileiro, pois esse tipo de produto atende a um crescente público jovem e interessado em novas formas de consumo do café, tais como: drink de café com diversos complementos, sorvete, chocolate, chantilly, entre outros. E, menciona ainda que para os consumidores mais exigentes já existe uma boa opção que são os clubes de assinaturas, com foco em cafés especiais de variadas origens e torra recente, entre outras novidades.
O formato padrão das análises das tendências do café adotado pelo Bureau de Inteligência, nesta Edição de julho de 2016, VOL. 5 – Nº 6, do Relatório Internacional de Tendências do Café, contempla quatro seções: PRODUÇÃO, INDÚSTRIA, CAFETERIAS e INSIGHTS que valem a pena serem conferidas na íntegra. O Relatório faz parte do projeto "Criação e Difusão de Inteligência Competitiva para Cafeicultura Brasileira", executado no âmbito do Consórcio e financiado pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. Tem como objetivo monitorar, analisar e difundir informações, indicadores e tendências relevantes para a competitividade da cafeicultura, bem como propor soluções estratégicas para o setor. As edições do Relatório estão disponíveis no portal da UFLA e no Observatório do Café.
Para saber mais sobre o Relatório do Bureau, UFLA, IAC, Embrapa Café, Consórcio Pesquisa Café e Observatório do Café, acesse:
Relatório Internacional de Tendências do CAfé Vol. 5 Nº6
Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Lucas Tadeu Ferreira - MTb 3032/DF e Anísio José Diniz - Pesquisador