Estudos realizados pelo Programa de Melhoramento do Café da Embrapa Rondônia confirmaram três grupos de compatibilidade na espécie Coffea canephora, ou seja, foram identificadas as plantas capazes de se intercruzar. Já se sabia da existência de grupos de compatibilidade. A novidade é que a Embrapa estabeleceu um protocolo simples capaz de ser realizado a campo que permite identificar a que grupo de compatibilidade o clone pertence e fazer sua caracterização.
Em outras palavras, a pesquisa identificou quais clones de café canéfora podem se intercruzar com sucesso, uma informação fundamental para um a espécie que não consegue se reproduzir em uma lavoura formada somente com plantas de mesmo perfil genético (veja quadro abaixo).
Essa confirmação de compatibilidade abre portas para uma nova geração de lançamentos de clones individuais de café canéfora no País, pois possibilita intercalar clones compatíveis, maximizando a produtividade. O pesquisador da Embrapa Rondônia Rodrigo Rocha acredita que a informação oferecerá opções aos produtores para implantar lavouras mais produtivas e de acordo com as características que desejam. Esse pacote tecnológico da Embrapa será disponibilizado ao setor produtivo do café canéfora do Brasil nos próximos lançamentos de cultivares da Empresa, previstos para os próximos meses.
Recomendável diversificar clones de café
Mesmo com o lançamento de clones individuais, a recomendação da Embrapa é que os produtores formem as lavouras com plantas dos três grupos e adotem, no mínimo, seis clones. Segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia Alexsandro Teixeira, essa prática é fundamental para manter uma boa variabilidade genética. Do contrário, a plantação ficará mais vulnerável a pragas, doenças ou fatores climáticos que podem ser desastrosos para a produção.
A “fábrica de híbridos”
A hibridação, ou mistura de genes para gerar um novo produto, já ocorre naturalmente no campo, por meio de insetos polinizadores, como as abelhas. Mas o que está sendo realizado pelo Programa de Melhoramento do Café da Embrapa Rondônia é a utilização desse processo de maneira direcionada e em larga escala para a obtenção de cafeeiros com características superiores, a chamada “fábrica de híbridos”.
Os cruzamentos são realizados entre plantas de Coffea canephora, das variedades botânicas conilon e robusta, e têm resultado em híbridos com características desejadas, que reúnem as melhores qualidades dessas duas variedades, como plantas altamente produtivas, resistentes a doenças, tolerantes à seca, com boa qualidade de bebida, entre outras que agregam valor.
Com esse processo de hibridação em larga escala, foi possível confirmar a existência dos três grupos de compatibilidade gametofítica na espécie Coffea canephora, ou seja, foram encontradas as plantas capazes de se polinizar. Essa característica favorece o aumento da variabilidade genética da espécie e a hibridação torna-se etapa importante no processo de melhoramento. Com os cruzamentos direcionados, o melhorista consegue controlar o processo e obter as características desejadas de cada planta.
O pesquisador da Embrapa ressalta que, naturalmente, as plantas híbridas já estão se sobressaindo nas lavouras de café de Rondônia, pelo trabalho empírico de seleção dos próprios cafeicultores, resultando em bons clones com características tanto do conilon como do robusta. A contribuição da pesquisa é o direcionamento desse processo para a obtenção de plantas diferentes das que existem no campo, obtendo um recurso genético de maior qualidade, que aumenta as possibilidades de reunir em uma planta o maior conjunto de características favoráveis. “Queremos fornecer mais opções para o cafeicultor escolher clones com as características que mais se adequem à sua propriedade e ao seu negócio”, explica Rocha.
Renata Kelly da Silva (MTb 12.361/MG)
Embrapa Rondônia
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