Especialistas discutiram na noite de ontem, dia 08 de fevereiro, sobre as oportunidades da chamada Agricultura Regenerativa para a cafeicultura. O evento online foi promovido pelo Clube illy do Café e contou com a participação do chefe-geral da Embrapa Café, Antonio Guerra, que falou sobre as contribuições do Consórcio Pesquisa Café para essa modalidade de produção.
A condução do evento foi realizada pelo coordenador de projetos da illycaffè, Luca Turello, que abordou a importância da Agricultura Regenerativa para a cafeicultura. Segundo ele, o perfil do consumidor de café no mundo, inclusive no Brasil, mudou e fez com que o mercado e toda a cadeia produtiva do café priorize a sustentabilidade ambiental.
O professor e diretor da Universidade do Café Brasil, Samuel Giordano, explicou que a agricultura regenerativa é a prática da restauração de áreas produtivas que leve à saúde do ambiente como um todo, estabelecendo o tripé da sustentabilidade: social, econômica e ambiental. Ele enfatizou que essa é uma discussão que remonta ao início do século passado, com o advento da industrialização, e que defende o uso de práticas na agricultura para restaurar e aumentar qualidade e produtividade da produção com integração entre plantas; animais; água; solo; microrganismos; e insetos e é considerada agricultura orgânica.
O chefe-geral da Embrapa Café apresentou os trabalhos do Consórcio Pesquisa Café, com enfoque nos projetos
voltados para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis focadas em Serviços ambientais rel
acionados a mudanças climáticas e sistemas de produção de café. São projetos que desenvolvem sistemas de produção integrados focados na redução dos efeitos das mudanças climáticas como o uso da braquiária como planta de cobertura, na entrelinha do cafezal.
De acordo com Guerra, essa tecnologia traz impactos regenerativos para a cafeicultura proporcionando aumento de produtividade e a redução de 30 a 40% no uso de herbicidas. O uso da braquiária também protege o solo contra erosão e adiciona, armazena e recicla nutrientes. Ele mostrou que o uso da tecnologia proporciona ainda a redução na temperatura média do solo, minimizando a evaporação direta e favorecendo a atividade microbiológica no solo, além de aumentar a capacidade de retenção de água na terra, elevando em aproximadamente 20% sua pronta disponibilidade para a planta. Com a incorporação da forrageira, a estocagem de carbono orgânico é acrescida em até 10,7 ton.ha-1, nos primeiros vinte centímetros do solo e pode haver uma redução de aproximadamente 40% no uso de máquinas e implementos.
A busca de material genético com resistência a fatores bióticos e abióticos também foram apontados por Guerra dentre os trabalhos desenvolvidos pelo consórcio que vão ao encontro do que é preconizado pela agricultura regenerativa. Ele apresentou algumas cultivares desenvolvidas pelas consorciadas e que já estão disponíveis ao produtor, sendo elas: BRS Primalta e Robustas das Matas de Rondônia (Embrapa); Marilândia ES 8143 (Incaper); MGS Paraiso 2 (Epamig); Obatã 4739 (IAC); Catiguá MG2 (Epamig/UFV); IPR 106 (IDR Paraná); e Siriema AS 1 (Fundação Procafé). “O produtor deve buscar a cultivar que mais se adapta às condições de clima e solo e de acordo com suas necessidades de produção”, disse o chefe-geral.
Guerra falou também sobre o uso de biofertilizantes, de organominerais e combinações para a nutrição das plantas, sobre a poda programada para os cafés arábica e canéfora, além da tecnologia de estresse hídrico controlado. Ele alertou ainda sobre a necessidade de protocolos oficiais para subsidiar o mercado de crédito de carbono e antecipou que já está em desenvolvimento o protocolo da Café Carbono Neutro.
O produtor de café de Minas Gerais, Ricardo Bartholo falou da experiência que tem vivido em sua propriedade desde 2017, quando resolveu mudar o sistema de produção. Ele conta que a mudança foi gradativa, conforme foi conhecendo diferentes práticas agrícolas não convencionais. “Mudei a minha visão em relação à produção orgânica. Iniciei com o uso da compostagem com o material que eu já tinha na fazenda, depois introduzi o uso dos pós de rocha nos compostos. Atualmente fazemos o enriquecimento do composto com comunidade de biológicos”, explica. Bartholo disse que passou a adotar, a produção orgânica em parte da fazenda. Atualmente ele possui Certificado Orgânico Brasil.
Acesse aqui para assistir a gravação do evento.
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