Rondônia é hoje o quinto maior produtor de café do Brasil e o segundo na produção de café canéfora
De acordo com o último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (Set/2016), a previsão de produção de café em Rondônia para este ano é de 1,6 milhão de sacas beneficiadas e a produtividade é estimada em 18,56 sacas por hectare. Rondônia é hoje o quinto maior produtor de café do Brasil e o segundo da espécie canéfora (variedades conilon e robusta). Presente em quase todos os municípios do estado, a cafeicultura é uma das principais atividades agrícolas do estado.
Nos últimos anos, a cafeicultura de Rondônia tem passado por transformações que têm repercutido positivamente em seus índices de produção, produtividade e qualidade do café da região. Em seis anos, enquanto a área de produção sofreu redução de 42,9%, a produtividade aumentou 99,8% (9,31 sacas/ha para 18,56 – Conab/maio 2016). Esse ganho de espaço da cafeicultura do estado no cenário da cafeicultura brasileira está relacionado ao desenvolvimento de tecnologias pela Embrapa Rondônia e parceiros, com apoio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, aliado à adoção desse conhecimento por parte dos produtores do estado.
Como exemplo, pode-se citar o emprego de cultivares melhoradas, mudas clonais com material genético de melhor qualidade, manejo adequado da lavoura, boas práticas agrícolas e de gestão da atividade cafeeira, irrigação, poda realizada em conjunto com a adubação/nutrição de plantas, insumos adequados, tratos culturais, controle fitossanitário, condução de copa, boas práticas de colheita e pós-colheita. Acresce-se a isso ações de controle de custos de produção, assistência técnica ao produtor e a retomada de investimentos na cafeicultura. Essas iniciativas têm sido responsáveis pela transformação crescente e constante da cafeicultura do estado. Vamos conhecer algumas delas.
Cafés clonais - Cafés clonais híbridos pesquisados pela Embrapa Rondônia para a região Amazônica – resultantes do cruzamento de plantas de café canéfora do grupo Robusta com plantas do grupo Conilon – têm obtido resultados surpreendentes. A pesquisa teve início há 12 anos e o resultado esperado é a seleção de clones altamente produtivos para a próxima cultivar de café a ser lançada pela Embrapa para a região Amazônica em meados de 2018. Este é o segundo ano de colheita das áreas em testes finais com estes híbridos e alguns clones estão produzindo mais de 100 sacas por hectare. A expectativa é que essa produtividade seja mantida ou incrementada na próxima safra. Para mais informações, clique aqui.
Exemplo de cultivar clonal é a BRS Ouro Preto, especialmente desenvolvida para o estado de Rondônia. A cultivar de café foi a primeira lançada pela Embrapa e também a primeira de café conilon no Brasil a receber o Certificado de Proteção do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares – SNPC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. É resultado de pesquisa da Embrapa Rondônia no âmbito do Consórcio Pesquisa Café.
A BRS Ouro Preto, indicada para cultivo em sequeiro ou com irrigação complementar, foi obtida pela seleção de cafeeiros com características adequadas às lavouras comerciais do estado, adaptada ao clima (alta temperatura, elevada umidade do ar e déficit hídrico moderado) e ao solo da região amazônica. A cultivar BRS Ouro Preto apresenta potencial de 70 sacas beneficiadas por hectare em lavouras de sequeiro, podendo chegar a mais de 110 sacas com irrigação.
Colheita semimecanizada do conilon e robusta - Consiste basicamente no emprego de máquinas recolhedoras e trilhadoras do café baseadas no sistema de podas e renovação anual e/ou periódica das lavouras. Assim, os ramos provenientes das podas, ainda contendo os frutos, formam leiras que são trilhadas mecanicamente ou podem simplesmente alimentar as máquinas de forma manual. Essa forma de colheita semimecanizada utiliza máquinas mais compactas e de menor custo, além de não exigir a obrigatoriedade da adequação espacial das lavouras de café.
Além disso, essa colheita permite fazer a poda junto com a colheita e deixar o fruto madurar no pé, já que se pode programar melhor o tempo da colheita. O resultado é um processo mais eficiente e lucrativo: diminuição do tempo da colheita em mais de 60%; maior quantidade de café para secar de uma vez, sem deixar ensacado e perdendo qualidade; e colheita somente em família, sem necessidade de pagar mão de obra externa. Saiba mais aqui.
Café arábica - Com olhar no futuro e foco nos potenciais da região, pesquisas realizadas pela Embrapa Rondônia têm demonstrado que, além do potencial e viabilidade, o café arábica pode se tornar interessante social e economicamente, pois, assim como em outras grandes regiões produtoras do País, pode-se produzir arábica na Amazônia em quantidade e, principalmente, com qualidade. Os resultados da primeira colheita dos experimentos de café arábica desenvolvido especialmente para a região Amazônica superaram as expectativas. Alguns materiais alcançaram produtividade acima de 30 sacas por hectare nas áreas experimentais instaladas em municípios dos estados de Rondônia e Acre. Esse resultado é considerado excelente para uma primeira safra de produção, acima da média nacional, que é de 22 sacas/ha. O processo de seleção de plantas ainda está em andamento, pois é necessária a coleta de dados de mais três safras de produção para finalizar a pesquisa. A previsão é de, em 2018, estar com uma cultivar de café arábica recomendada para a Amazônia. Para saber mais, acesse aqui.
Terreiro secador com cobertura móvel: Barcaça SECA CAFÉ - Trata-se de um terreiro de alvenaria tipo barcaça de cobertura móvel (encobre o terreiro de cimento convencional) e com telha transparente, possibilitando a secagem do café mesmo durante a chuva. A construção é adaptável ao terreiro e tem estrutura metálica e telhas de plástico transparentes ou lona de plástico, sendo eficiente e viável aos pequenos e médios produtores que buscam aprimorar a qualidade do café, pois apresenta praticidade de operação e custo viável. Esse sistema proporciona secagem homogênea, livre de fermentação durante todo o processo e com temperatura perto da ideal, que vai de 35°C a 45°C. Essa é a base para obtenção de café de qualidade: ambiente protegido da chuva e temperatura de operação dentro do desejável. Além disso, o tempo de secagem no terreiro de cobertura móvel é em média de três a quatro dias, bem equiparado aos secadores convencionais que atendem ao processo de secagem com qualidade.
A tecnologia foi desenvolvida pela Embrapa Rondônia em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES e Universidade Federal de Rondônia – UNIR e com apoio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Mais informações aqui e no Comunicado Técnico.
Publicações sobre café e portfólio de tecnologias – No site do Consórcio Pesquisa Café, há uma lista de publicações editadas pela Embrapa Rondônia. Para acessar todo o conteúdo, clique aqui.
Cafeicultura de Rondônia surpreende analista do Rabobank - Em visita à Rondônia, o analista do Rabobank Jefferson Carvalho se surpreendeu com a qualidade, os clones e o trabalho de cafeicultores que estão se diferenciando no mercado ao visitar produtores e beneficiadoras do grão. “Surpreendente é a palavra para Rondônia, que se consolida como o estado com alto potencial de crescimento em produção e qualidade do café. Para um país que aceitava que a cafeicultura em Rondônia estava fadada a acabar, fiquei extremamente surpreso. Vi, em Rondônia, grandes potenciais para a cultura do café, adoção de tecnologias disponíveis e até próprias, desenvolvidas por produtores ainda que de maneira rudimentar, e até projetos de irrigação que começam a surgir”.
O analista pontuou também os desafios para que Rondônia conquiste novos patamares. Um deles é o manejo da água, seguido pela conscientização do produtor pela busca de informação e acompanhamento do mercado, para tomada de decisões. Por fim, ele aponta a produção em escala. Segundo Carvalho, a demanda que mais cresce no mundo, em termos de volume, é de café robusta. Assim como também é crescente a busca pelo café de qualidade, diferenciado ou que tenha agregado valor por sua história ou tradição. Rondônia parece ser o estado que mostra grande potencial para esse salto de produção com qualidade: tem área agricultável e clima favorável, oportunidade de incrementar produtividade, disponibilidade de água e boas condições de produzir com qualidade. “Esse panorama, aliado a políticas de favorecimento da cultura e ao trabalho de divulgação da imagem e identidade do produto, faz de Rondônia estado propício para despontar no cenário do café brasileiro”, arremata.
O café no estado – Em Rondônia quase todo o café plantado é da espécie canéfora, melhor adaptada às condições climáticas, relevo topográfico e solo. A área de produção estimada é de 87.657 hectares. O café é produzido, na sua maioria, em pequenas propriedades, com caraterísticas na sua quase totalidade da agricultura familiar. Ainda é comum a existência de lavouras com baixa produtividade e outras em pleno declínio de produção, onde muitas delas estão chegando aos dez anos ou mais de idade.
Em contrapartida, a substituição das lavouras antigas por lavouras novas, utilizando-se cafés clonais no diagnóstico de pragas e doenças, bem como no desenvolvimento de cultivares com características de maior tolerância ao déficit hídrico, tem transformado paulatinamente essa realidade e colocado a cafeicultura de Rondônia na vanguarda da tecnologia. Essa iniciativa é realizada pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Empresa Estadual de Assistência Técnica e extensão Rural do Estado de Rondônia - Emater-RO e a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia – Idaron.
Confira todas as análises e notícias divulgadas pelo Observatório do Café no link abaixo
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Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Renata Silva (MTb 12361/MG) - Embrapa Rondônia e Flávia Bessa (MTb 4469/DF) – Embrapa Café