Vietnã, Indonésia, Colômbia, Honduras e China também desenvolvem programas para expandir participação no mercado cafeeiro global
Uganda, segundo país maior produtor de café da África - o primeiro é a Etiópia -, ocupa atualmente a nona posição no ranking dos países que mais produzem café no mundo. Para aumentar a sua participação no mercado cafeeiro mundial, o governo de Uganda anunciou recentemente um programa que tem por objetivo incrementar substancialmente a produção da sua lavoura cafeeira até 2030. Tal incremento visa quintuplicar a produção atual e atingir 20 milhões de sacas de 60kg no ano de 2030.
Nesse sentido, as políticas do governo de Uganda, que vêm sendo implementadas, têm demonstrado alguns resultados positivos, a despeito de os números ainda estarem muito abaixo do que se pretende. Por exemplo, na safra 2016/2017, o país exportou 4,2 milhões de sacas, cujo desempenho foi 18% superior ao do período anterior, que pode ser atribuído ao aumento crescente da produtividade nas áreas que foram renovadas, as quais proporcionaram boas condições de desenvolvimento dos cafeeiros. Em decorrência dessas medidas, foi a primeira vez que Uganda exportou mais café que em 1996, quando as vendas somaram 4,15 milhões de sacas.
Esses dados e análises da performance mundial da cafeicultura, tanto na ótica da produção como exportação, e, especificamente, em relação a Uganda, são destaques do Relatório Internacional de Tendências do Café VOL. 6 / Nº. 10 / 30 NOVEMBRO 2017, que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Citado Relatório, aponta ainda no panorama mundial que as exportações de café bateram recorde no ano cafeeiro 2016/2017 ao atingirem um volume equivalente a 122,45 milhões de sacas, o que representou um incremento de 4,8% em relação ao ano cafeeiro 2015/16. Com esse feito, pode-se afirmar que o mundo nunca exportou tanto café como recentemente. Nesse contexto positivo, Brasil e Vietnã, que são os maiores produtores e exportadores do mundo, venderam menos para seus importadores de café, com quedas de 8,8% e 6,4%, respectivamente. Os demais grandes produtores apresentaram incrementos substanciais nas suas vendas. É o caso da Colômbia que cresceu 9,6%, Indonésia (81,3%), Honduras (41,8%), Índia (8,7%), Etiópia (13,1%), Guatemala (8,3%), Peru (8,2%), Uganda (38,9%) e México (20,7%). Juntos, esses países exportaram 11,5 milhões de sacas a mais que no ano anterior.
Para o Bureau, algumas observações e análises podem ser feitas a respeito desses números mencionados anteriormente. Exemplo: em certas regiões produtoras de café no Brasil, os índices pluviométricos ocorreram abaixo do esperado em 2014, 2015 e 2016, o que afetou a produção em diferentes níveis. Por causa disso, alguns analistas esperavam queda expressiva nas exportações do país, as quais não se confirmaram. Pois, o Brasil obteve dois recordes consecutivos de exportação em 2014/2015 e 2015/2016. Além disso, o volume exportado em 2016/2017, embora menor, se deu em um patamar elevado dentro do histórico brasileiro.
O Bureau, citando dados da Organização Internacional do Café – OIC, ainda destaca que as exportações vietnamitas cresceram, em média, 5,5% ao ano nos últimos 15 anos, e que essa tendência deverá se manter nos próximos anos. E, mais, que o bom desempenho obtido pela Colômbia confirma a recuperação da cafeicultura verificada nesse país em decorrência de muitas lavouras terem sido objeto de renovação. Outros destaques, constantes do Relatório são o aumento da produção da Indonésia e o bom desempenho de Honduras, que teve crescimento nas suas exportações pelo terceiro ano seguido.
O Relatório Internacional de Tendências do Café ressalta ainda o fato de a China estar desenvolvendo um novo modelo de cafeicultura no país com apoio de uma grande empresa, com subsídios governamentais, especificamente na província de Yunnan, que está produzindo cada vez mais café. Essa grande empresa arrenda a terra dos cafeicultores e depois os contrata para cuidar das lavouras. A empresa fornece mudas e assistência técnica gratuita, além de comprar os grãos por meio de um modelo próprio de precificação desenhado para proteger os produtores da volatilidade do mercado. Com essas medidas, as autoridades chinesas estão interessadas em modernizar o setor agroindustrial do país e, para isto, estão investindo expressivos montantes em subsídios. No caso específico da província de Yunnan, o governo regional quer transformá-la em um grande polo de produção e industrialização do café. Com essas medidas, a produção de café na China dobrou em apenas cinco anos, chegando a 2,2 milhões de sacas em 2016/2017, conclui essa análise do Bureau.
Relatório Internacional de Tendências do Café - Publicado mensalmente, faz parte do plano de ação do projeto "Criação e Difusão de Inteligência Competitiva para Cafeicultura Brasileira", do Consórcio Pesquisa Café. O projeto é financiado pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa, e tem o objetivo de monitorar, analisar e difundir informações e indicadores relevantes para a competitividade da cafeicultura brasileira, bem como propor soluções estratégicas para os problemas enfrentados pelo setor.
Para ler na íntegra o Relatório Internacional de Tendências do Café do mês de novembro de 2017, acesse:
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Texto: Lucas Tadeu Ferreira - MTb 3032/DF e Jamilsen Santos - MTb 11015/DF